Você se sabota ou só está tentando se proteger de uma dor antiga?
- Renata Gastao Antonelli Vargas
- 24 de abr.
- 2 min de leitura

Você já se pegou desistindo de algo que queria muito, bem na hora em que estava prestes a dar certo? Já adiou conversas importantes, evitou oportunidades ou deixou de se priorizar, mesmo sabendo que era o melhor para você?
Esse movimento tem nome: auto sabotagem.
Na superfície, ela parece só uma “má escolha”, “falta de disciplina” ou “medo de errar”. Mas na profundidade, a auto sabotagem é um grito. Um grito silencioso que diz: "eu não sou digno".
O mais doloroso é que ninguém nasce acreditando nisso. Esse sentimento é aprendido. Interiorizado. E, muitas vezes, ensinado de forma sutil, *com afeto*.
O paradoxo do amor que machuca
É difícil imaginar que algo dito com carinho possa deixar marcas tão profundas, mas a psicanálise nos mostra que o afeto não garante saúde emocional. Um amor que vem junto de críticas constantes, chantagens afetivas ou ausência de escuta pode gerar feridas invisíveis, aquelas que mais tarde se manifestam como boicotes.
“Você é muito sensível.”
“Deixa de frescura.”
“Se fosse bom mesmo, já teria conseguido.”
Essas frases, muitas vezes ditas por quem supostamente nos ama, plantam sementes perigosas. Elas constroem, pouco a pouco, a crença de que nosso valor depende do desempenho, da aceitação do outro, da ausência de erro.
Auto sabotagem não é falta de força. É excesso de dor.
Quando você se sabota, não está escolhendo “o caminho mais fácil”. Está, inconscientemente, tentando evitar o risco de reviver antigas dores: a rejeição, o abandono, o fracasso. Evitar tentar é, para muitas pessoas, uma forma de autoproteção.
O problema é que essa proteção tem um preço alto: ela também nos impede de crescer, amar com liberdade, ocupar nossos espaços no mundo.
Reconhecer é o primeiro passo para elaborar
O trabalho terapêutico é, antes de tudo, um espaço seguro para escutar esse grito interno. Entender de onde ele vem, quem o ensinou e por que ele ainda ecoa. E, mais importante, começar a construir uma nova narrativa, onde a dignidade não precisa mais ser provada, porque já está ali: em quem você é.
Não se trata de culpar ninguém do passado, mas de se responsabilizar pelo presente. De sair do ciclo automático da auto sabotagem e fazer escolhas que realmente cuidem de você.
Um convite ao cuidado
Se você se reconhece nesse texto, saiba: não é fraqueza. É dor. E toda dor precisa ser acolhida para começar a cicatrizar.
A psicanálise não oferece fórmulas prontas, mas oferece escuta, vínculo e presença. Talvez seja esse o próximo passo para que você pare de se sabotar e comece, finalmente, a se escolher e então, realizar as atividades que anda postergando.
Um grande abraço
Renata Antonelli
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