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Por que não é preciso ser psicólogo para ser psicanalista e o que o paciente ganha com isso?


A psicanálise é uma escolha para além da profissão.
A psicanálise é uma escolha para além da profissão.

Muita gente se surpreende ao descobrir que não é necessário ser psicólogo (ou médico) para se tornar psicanalista. Essa confusão é compreensível, já que no Brasil é comum associar práticas clínicas exclusivamente a profissionais da saúde. Mas a psicanálise é um campo à parte — com uma história, uma ética e uma formação própria.


Mais do que uma profissão regulamentada, a psicanálise é uma formação, sustentada por três pilares fundamentais: o estudo teórico, a análise pessoal e a supervisão clínica. Chamamos de tripé psicanalítico. E desde suas origens, com Freud, ela foi pensada como um campo aberto a diferentes formações — algo que enriquece profundamente a escuta clínica.


O que Freud dizia sobre isso?


Em 1926, Freud escreveu um texto chamado "A questão da análise leiga", em que defende o direito de não-médicos praticarem a psicanálise. Na época, a medicina tentava monopolizar o campo, mas Freud foi firme em afirmar que o mais importante na formação de um analista era sua experiência subjetiva e seu compromisso com a escuta, e não o título universitário que carregava.


Segundo ele:


"Não importa de onde venha o analista. O que importa é sua formação psicanalítica e sua capacidade de escutar, interpretar e sustentar o processo analítico."


Essa posição permanece válida até hoje e é uma das marcas que distingue a psicanálise de outras práticas.


O que o paciente ganha com isso?


Quando a psicanálise se abre para profissionais de diferentes áreas, ela não se enfraquece — pelo contrário: ela se amplia e se torna mais plural. E quem se beneficia disso é o próprio paciente, que encontra uma clínica viva, com escutas variadas e olhares que dialogam com a complexidade da vida.


Veja alguns exemplos:


Um analista com formação em filosofia pode sustentar reflexões mais profundas sobre o sentido da existência, a liberdade, o sofrimento e os dilemas éticos.


Alguém formado em letras pode ter uma sensibilidade maior para os jogos de linguagem, metáforas, lapsos e repetições tão importantes na escuta analítica.


Um profissional do direito pode compreender com mais precisão temas relacionados a culpa, lei, limite, justiça e responsabilização.


Médicos psicanalistas podem articular com mais facilidade os sintomas corporais com os impasses do psiquismo.


E um administrador de empresas?

Aqui está uma contribuição muitas vezes invisibilizada, mas essencial na clínica contemporânea.


A escuta do administrador: trabalho, produtividade e sofrimento


A formação em administração traz uma compreensão aguçada sobre dinâmicas organizacionais, relações de poder, conflitos interpessoais, gestão do tempo e da produtividade — temas que surgem o tempo todo na clínica.


Pessoas chegam ao consultório sobrecarregadas, em burnout, presas a padrões de autoexigência e sentindo-se permanentemente inadequadas diante das cobranças do mercado. Um analista com experiência nesse universo tem mais repertório para acolher essas angústias e também para ajudar o paciente a pensar seu lugar no mundo do trabalho.


Além disso, a experiência com gestão e organização pode refletir no próprio setting analítico — com mais clareza nos limites, na escuta estratégica e na condução de processos, sempre dentro da ética da psicanálise.


Conclusão: uma clínica plural, para sujeitos singulares


A formação do psicanalista não depende de um diploma específico, mas de um percurso ético e rigoroso: estudo, análise pessoal e supervisão. E quando esse percurso é trilhado por pessoas de diversas áreas, ele enriquece ainda mais a clínica.


Afinal, cada sujeito é único. E quanto mais plural for a escuta, mais chances temos de acolher essa singularidade com profundidade, sensibilidade e presença.


Interessado em entender mais sobre como a psicanálise pode apoiar seu crescimento emocional e profissional?

Entre em contato e vamos conversar sobre como a psicanálise pode ser aplicada ao seu momento de vida.

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