Cadê a coragem quando só existe vontade de sumir?

Passei um bom tempo pensando no que escrever hoje e me deparei com essas três perguntas no Threads:

• Cadê coragem pra continuar trabalhando em uma profissão que eu detesto?

• Cadê coragem pra mudar?

• Quando a única vontade é ficar na cama, ou desaparecer?

  
  

Essas perguntas já me assombram e gostaria de dizer que se você se identificou com elas, saiba que você não está sozinha. E mais do que isso: não há nada de errado em se sentir assim.

Vivemos em uma sociedade que exige movimento constante : produza, trabalhe, mude, melhore, dê conta. Mas e quando simplesmente não dá? Quando o corpo pede pausa, e a alma grita por silêncio?

A coragem que ninguém vê

A verdade é que, às vezes, continuar também é um ato de coragem. Levantar da cama, tomar banho, vestir uma roupa, mesmo sem saber pra quê — isso já é um passo. E talvez seja o único possível naquele momento. E tudo bem.

Mudar também é assustador. Não é falta de coragem — é excesso de medo. Medo de falhar, de se arrepender, de perder o pouco que ainda dá alguma segurança. E, ainda assim, pensar na mudança já é um sinal de vida. Um sopro de desejo que resiste dentro do sufoco.

Não é sobre força. É sobre escuta.

Talvez você não precise ser forte agora. Talvez precise apenas ser escutada. Sentir que há espaço pra dizer "eu não aguento mais" sem que alguém te diga "aguente mais um pouco".

Muita gente chega na análise assim: exausta. Sem coragem pra continuar e sem coragem pra mudar. Mas ali, nesse lugar de escuta verdadeira, algo começa a se mover. Porque a coragem, muitas vezes, nasce da escuta. Do acolhimento. De não estar mais sozinha com tudo isso.

Um convite

Se essas perguntas ecoam em você, talvez seja hora de buscar um espaço onde elas possam existir sem pressa de serem respondidas. Um espaço onde você possa existir, mesmo sem saber o que fazer com tudo que sente, mas que possa sentir e nomear esses sentimentos que você acaba sufocando porque não dá nem tempo de prestar até neles.

Você não precisa ter todas as respostas. Só precisa se permitir ser cuidada, ouvida, vista.

Se esse texto encontrou eco em você, entre em contato e vamos falar sobre isso?

Um grande abraço

Renata Antonelli